segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Uso exagerado do gerúndio



Hélio Consolaro*
Usar demais o gerúndio deixa o texto com péssima qualidade, como: "Entendendo dessa maneira, o problema vai-se pondo numa perspectiva melhor, ficando mais claro..." 

      Mas, ultimamente, o gerúndio é empregado na sintaxe portuguesa do Brasil por contaminação da sintaxe inglesa. E segundo os antigerundistas, tudo começou nos serviços de telemarketing, como: "Eu vou estar mandando um fax" ou "Vou estar telefonando em breve". Traduziu-se: 'We'll be sending it tomorrow" por "Nós vamos estar mandando isso amanhã". O atendimento das moças do telemarketing contaminou a fala das pessoas. Trata-se de um estrangeirismo na sintaxe portuguesa.

      Ouros exemplos: "Vamos estar mandando isso amanhã" (uso impróprio do gerúndio) / "Vamos mandar isso amanhã"/ "Mandaremos isso amanhã" (usos próprios).

      Em Portugal, usa-se mais o infinitivo, em vez de gerúndio, mas ambas são formas nominais do verbo. O português teve trajetórias diferentes nos dois países, pois o Brasil recebeu negros, havia aqui os índios, depois vieram os imigrantes europeus, árabes e orientais, por isso ganhou várias contribuições. Em Portugal, o estrangeirismo é tratado com mais rigor, enquanto isso no Brasil é impossível, pois a população é plural, principalmente no Sudeste e Sul. Composta por muitas nacionalidades e raças.

      Usar o gerúndio indevidamente é tão grave quanto escrever marketing e show, sem aportuguesá-los, mas evitá-lo a todo custo é uma atitude não recomendável. O estrangeirismo (deixar a palavra como ela é escrita na língua de origem)  reflete outras situações, como a dependência econômica e cultural do país. Não se corrigem influências por decreto. Procurar culpados não é o caminho correto.

Um comentário:

  1. É horrível mesmo.. da dor de ouvido. Legal, pois não sabia disso, que vem do inglês. Legal que no inglês não é estranho..

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