sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

José Lins do Rego - o ágil corpulento

Por Marcílio Godói

Os grandes escritores têm a sua língua, os medíocres, a sua gramática. (José Lins do Rego)

Era tão flamenguista que foi persona non grata em São Januário, famoso campo do Vasco, num tempo em que ainda não havia Maracanã. Bancado por José Olympio, seu editor, o paraibano José Lins do Rego virou fenômeno de vendas naquele Rio anos 30 ávido pelo autor de Menino de Engenho, Banguê e Doidinho

O mítico cronista Zé Lins chegou a ser estrela de reclames publicitários. Juntos, ele e o amigo Gilberto Freyre diziam que os modernistas de 22 eram messiâ-nicos, queriam gerar arte brasileira por chocadeira, catalogada, com estética distante do povo. E Macunaíma, arranjo de filólogo, não era a fala de ninguém.

A virulência do discurso arrefeceu depois, mas a chave de linguagem popular permaneceu nesse que se autoproclamava "o corpulento" e para quem os cegos cantadores de Olinda seriam a maior influência. 

Guimarães Rosa definiu JLR como aquele que tinha um coração maior que o de um boi. Até que em 43 veio sua opera magna, o neorrealista Fogo Morto, reconhecido por Glauber Rocha como eixo inspirador de Deus e o Diabo na Terra do Sol, sobre a decadência dos engenhos que já não moíam mais.


(Revista Língua, Editora Segmento, dezembro de 2013)

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